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quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Relatório aponta superlotação e falta de lazer em asilos

Segundo documento da OAB e do CFP, o Brasil não possui infra-estrutura mínima de abrigamento para população idosa. O documento foi feito a partir de inspeções em 22 Instituições de Longa Permanência para Idosos localizadas em 12 Estados.

São 15h, e 20 idosos enfileirados em dois bancos de madeira aguardam a atividade do dia - ver um filme dublado na televisão, ao lado de um senhor que lê uma revista de três semanas atrás e de outros que dormem em cadeiras de rodas. A cena é comum em asilos superlotados do Brasil onde milhares de idosos ociosos "esperam pela morte", segundo o relatório da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e CFP (Conselho Federal de Psicologia) obtido pela Folha."O Brasil não possui infra-estrutura mínima de abrigamento para sua população idosa", diz o documento, feito a partir de inspeções em 22 ILPIs (Instituições de Longa Permanência para Idosos), das quais 18 privadas, em 12 Estados. Dez foram tidas como superlotadas (quatro idosos por quarto), 11 não ofereciam lazer e 13 não tinham funcionários suficientes. Uma nem sequer tinha médico."Vimos depósitos de idosos abandonados, sem família ou contato com a comunidade", diz Ana Luiza Castro, coordenadora da Comissão Nacional de Direitos Humanos do CFP. Ela diz que a "maioria dos asilos não está nas mãos do Estado" -dado confirmado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). "A estimativa é de que a maioria seja privada", diz o órgão, que está fazendo o levantamento dos asilos existentes no país". São 2.879 cadastrados até agora."Denúncias" motivaram a escolha dos asilos. Na Estância Cantareira, em São Paulo, a conselheira do Conselho Regional de Psicologia, Beatriz Belluzo, viu idosos misturados com casos psiquiátricos e a ausência de lazer. "Havia mesas em frente aos quartos que viviam à espera da refeição."No Solar da Vivência, onde há somente idosos, "a situação é ainda mais precária", diz Belluzo. "Lá só dão comida e remédio e havia idosos dormindo em cadeiras de rodas. Não se investe em atividades de lazer. Todo o resto é perfumaria."Em Pernambuco, a cena se repete. "A ociosidade é o que há de mais grave", diz a conselheira Christina Veras. "Eles ficam sem fazer nada, como restos de pessoas depositadas nas camas, sem oficinas e espaços para ler, pintar ou qualquer coisa que os ocupasse." No Residencial da Melhor Idade, Veras viu a dona colocar cadeiras na calçada em frente ao asilo, onde os idosos ficavam à espera de uma visita. "Nos outros, nem isso."A dona da Estância Cantareira, Cleide Mazzuli, negou a superlotação e disse oferecer atividades de lazer, como "cinema com pipoca uma vez por semana e terapia ocupacional quase todo dia". No Residencial da Melhor Idade, a dona, Luciane do Monte, disse ter "um recreador terças e quintas, o máximo que se consegue pagar com a mensalidade de um salário mínimo". No Solar da Vivência, ninguém respondeu.O relatório termina afirmando que o Estatuto do Idoso tem sido desrespeitado e recomenda ao Ministério Público a "instauração de procedimentos administrativos". Aprovado em 2003, o Estatuto garante ao idoso o direito ao lazer, à liberdade, à dignidade, a acomodações para recebimento de visitas e até assistência religiosa.Em parte dos asilos, as queixas dos internos falam de falta de sexo (os quartos, coletivos, são divididos por gênero) e de falta de padres. No dia em que a Folha visitou o Estância Cantareira, um padre celebrava uma missa. "De tanto pedirem a gente trouxe um", diz a dona.
WILLIAN VIEIRA

Estatina não é para todos

Cardiologistas brasileiros reconhecem os benefícios do uso de estatinas para prevenir doenças cardíacas em pessoas com colesterol baixo, mas dizem que não deve ser feita uma prescrição indiscriminada desses medicamentos. Um estudo apresentado nos EUA sugeriu que esse remédio, até então usado só em pacientes com colesterol alto, reduz em 44% o risco de problemas cardiovasculares em pessoas com níveis normais ou baixos de colesterol -mas que têm índices elevados de uma proteína chamada C-reativa, ou PCR.Os resultados tiveram grande repercussão no congresso da American Heart Association, onde foram apresentados. A proteína PCR é um indicador de inflamação, que pode resultar em doenças cardíacas.O estudo, chamado Jupiter, foi feito por dois anos com quase 18 mil homens com mais de 50 anos e mulheres com mais de 60 de 26 países e teve patrocínio da farmacêutica AstraZeneca, fabricante do medicamento rosuvastatina cálcica (um tipo de estatina).Para o cardiologista brasileiro Francisco Fonseca, um dos autores da pesquisa, os resultados foram surpreendentes e "muito acima do que poderia ser previsto". Ele acredita que o trabalho vá influenciar as novas diretrizes americanas previstas para 2009, mas diz que sua transposição para a prática não será automática.Sobre efeitos indesejados, como um aumento ocorrido nos novos casos de diabetes, ele afirma que foram pouco significativos diante dos benefícios.Segundo ele, o remédio deve ser tomado indefinidamente. "Todos os estudos mostram que, quando se suspende o tratamento, perde-se o benefício."Já o cardiologista Antônio Carlos Chagas, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, diz que o tempo de uso depende do organismo. "Algumas pessoas, quando interrompem a medicação, voltam a ter problemas. Outras, não."O cardiologista Marcelo Sampaio, do Instituto Dante Pazzanese, é cauteloso ao analisar os dados. Para ele, é preciso individualizar os casos. "Seria uma maravilha se não existissem efeitos colaterais. As estatinas podem causar dores musculares e sobrecarga hepática. Isso precisa ser monitorado constantemente, e deve prevalecer o bom senso."Na opinião de Sampaio, as estatinas poderiam ser recomendadas para pessoas que tenham colesterol baixo, mas com antecedentes familiares ou outros fatores de risco associados.Outra questão a ser avaliada, segundo um editorial que acompanha a pesquisa, é o custo da expansão do uso do remédio. Uma caixa com 30 comprimidos de 20 mg de rosuvastatina cálcica (dose usada no estudo) custa cerca de R$ 150. O remédio não é distribuído pelo SUS (Sistema Único de Saúde), e ainda não se sabe se outras estatinas teriam o mesmo efeito.Mudanças no BrasilSegundo Chagas, o estudo poderá mudar diretrizes sobre tratamentos, mas não a curto prazo. "Os médicos não podem sair medindo a PCR e medicando todo mundo. A principal implicação do estudo é entender que alguns pacientes podem ser tratados preventivamente", disse Chagas, que reforça a importância de manter medidas como a perda de peso e a prática de esportes.Para Sérgio Timerman, cardiologista do InCor (Instituto do Coração do HC de São Paulo), as estatinas trazem muitos benefícios se forem usadas com parcimônia. Ele diz que não é preciso exagerar -como um médico que citou no congresso que a droga é tão fantástica que deveria ser adicionada às caixas d'água-, mas que o remédio vem mudando a história natural da doença cardiovascular."Toda droga tem sua relação risco/benefício. Mas a prevenção primária [em quem não tem histórico de doença cardiovascular] é cada vez mais importante. Se há um remédio que protege, deve ser usado."Segundo Chagas, um estudo dessas proporções causa questionamentos e mudanças de conceitos. "Mas ainda depende de mais fatores científicos."
FERNANDA BASSETTE

Ginástica para o cérebro

Trocar de mão para escovar os dentes é bom para o cérebro. O simples gesto de trocar de mão para escovar os dentes, contrariando a rotina e obrigando à estimulação do cérebro, é uma nova técnica para melhorar a concentração, treinando a criatividade e inteligência e, assim, realizando um exercício de NEURÓBICA. Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões. Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a "aeróbica dos neurônios", é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por ROTINAS que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro.

Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios "cerebrais" que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional. Tente fazer um teste:

1) use o relógio de pulso no braço direito;
2) escove os dentes com a mão contrária da de costume;
3) ande pela casa de trás para frente;
4) vista-se de olhos fechados;
5) estimule o paladar, coma coisas diferentes;
6) veja fotos de cabeça para baixo;
7) veja as horas num espelho;
8) faça um novo caminho para ir ao trabalho.

A proposta é mudar o comportamento rotineiro. Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado DIREITO e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?
(autor desconhecido)

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Aumento de idosos preocupa geriatras

O progressivo aumento do número de idosos norte-americanos e a possibilidade de esse número alcançar o dobro nos próximos anos está gerando importante preocupação nos meios médicos locais. Para o professor Carmel B. Dyer, da Divisão de Medicina Geriátrica e Paliativa da Escola Médica da Universidade do Texas, em Houston, o receio é de que o sistema de saúde do país não esteja preparado para atender tão elevado número de doentes geriátricos nos próximos anos, já que esses pacientes requerem habilidades especiais de atenção, não só da parte do médico mas também de todo pessoal da área da saúde. Esta foi uma das razões da criação de um centro de educação geriátrica interdisciplinar na Universidade do Texas, subvencionado pelo Departamento de Saúde dos Estados Unidos. O centro terá como finalidade formar geriatras que irão ensinar a prática de saúde a idosos aos médicos clínicos para que eles se tornem especializados no atendimento desse tipo de paciente em diferentes ambientes como os hospitais, clínicas, casas de repouso e, também, centros de reabilitação. Dyer acrescenta que o médico especializado no atendimento a idosos deve estar capacitado a ajudar os pacientes e suas famílias no acesso aos recursos da comunidade, assim como manter a independência e também ajudá-los a reconhecer e prevenir tratamentos inadequados. Além disso, pretende ajudar a evitar a exploração financeira desses doentes e seus familiares por pessoas de má-fé.
JULIO ABRAMCZYK

Doença circulatória é a que mais mata

Segundo dados do Ministério da Saúde, as principais causas de morte estão ligadas a má alimentação e sedentarismo. O câncer está em segundo lugar, seguido de homicídio e violência no trânsito; em 2005, 41,2% dos mortos tinham menos de 60 anos

LETÍCIA SANDER
Doenças do aparelho circulatório associadas à má alimentação, ao consumo excessivo de álcool, ao tabagismo e ao sedentarismo estão no topo do ranking das causas de morte no Brasil. O câncer aparece em segundo lugar, seguido de homicídio e violência no trânsito, de acordo com dados do Ministério da Saúde divulgados ontem.O retrato das principais causas de mortalidade mostra que derrames e infartos são os principais vilões da saúde para homens e mulheres. Em 2005, 10% do total dos óbitos no país ocorreram por causa de Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e 9,4% devido a infartos.As altas taxas de mortes por doenças crônicas e causas violentas vêm sendo registradas desde a década de 1970. Antes, o que mais matava no Brasil eram as doenças infecciosas e parasitárias, como diarréia, tuberculose e malária. Na década de 1930, as doenças cardiovasculares respondiam por 12% das mortes nas capitais, contra 46% das doenças infecciosas.Hoje, os problemas no aparelho circulatório são responsáveis por 32,2% do total de mortes.De acordo com Otaliba Libânio, diretor do Departamento de Análises de Situação da Saúde do ministério, esse índice está ligado a hábitos pouco saudáveis, como consumo excessivo de gorduras, açúcares e sal, além de uso abusivo de bebidas alcoólicas e cigarro.Os números, incluídos no levantamento Saúde Brasil 2007, com base nas mortes ocorridas em 2005 e 2006, também mostram que a taxa de mortes prematuras (antes da terceira idade) é alta: em 2005, 41,2% dos mortos não tinham 60 anos.Segundo Libânio, o maior crescimento percentual em relação à pesquisa anterior, divulgada em 2007, foi registrado nos casos de câncer e de mortes violentas. "Observamos um aumento no peso da violência no conjunto das mortes. No Brasil ela é a terceira causa, mas em três regiões, a Centro-Oeste, a Norte e a Nordeste é a segunda causa de morte", afirmou.Embora as mulheres sejam maioria na população, os homens morrem mais, de acordo com o levantamento -o risco de morte da população masculina é 40% superior.Doenças isquêmicas do coração são a principal causa de morte dos homens, seguidas por doenças cerebrovasculares e homicídios. De 1980 a 2005, a proporção de mortes por câncer nos homens aumentou 76%, por causas violentas, 41%, e por transtornos mentais, 225% - neste caso, o alcoolismo é o principal responsável.Entre as mulheres em idade fértil ( 10 a 49 anos), o câncer foi responsável pela maior quantidade de mortes em 2005, alcançando uma taxa de 23% (era 20,7% em 2000), superando as doenças circulatórias.No ranking das causas de morte para mulheres em geral, o câncer de mama ocupa a nona posição. "Há alguns anos, o câncer de colo de útero era a principal causa de morte. Isso indica que o ministério deve insistir em políticas de rastreamento", afirmou Libânio.PrevençãoPara Rui Ramos, cardiologista e diretor de promoção de saúde vascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia, um dos fatores que ajudam a explicar por que as doenças circulatórias lideram as causas de mortes no Brasil é o fato de a população estar envelhecendo e se alimentando mal. Segundo ele, idade e colesterol são fatores de risco importantes."Para diminuir o risco de eventos circulatórios, como infartos e derrames, deve-se evitar o colesterol com uma dieta saudável, tratar a pressão alta, deixar de lado o cigarro e fazer atividade física", afirma.Segundo o médico, pessoas com doenças circulatórias acabam tendo complicações porque só procuram tratamento depois que algo grave acontece.

Post Inaugural

Internet ajuda a manter o cérebro saudável, diz estudo
Por Julie Steenhuysen
CHICAGO, 15 out 2008- Navegar na Internet ajuda a preservação da memória de pessoas a partir da meia-idade, disseram pesquisadores dos EUA na terça-feira.
Os cientistas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, registraram com ressonância magnética a atividade cerebral de pessoas que faziam buscas na Internet."Descobrimos que as pessoas que tinham experiência com a Internet usavam mais o cérebro durante a pesquisa", disse o gerontologista Gary Small, cujo trabalho foi publicado na revista American Journal of Geriatric Psychiatry."Isso sugere que simplesmente navegar na Internet pode treinar o cérebro -- que isso pode mantê-lo ativo e saudável", disse Small.Muitos estudos já haviam indicado que desafios mentais, como os quebra-cabeças, poderiam preservar as funções cerebrais, mas poucos haviam avaliado o alcance da Internet."É a primeira vez que alguém simulou uma tarefa de busca na Internet ao examinar o cérebro", contou o cientista.A equipe estudou 24 voluntários normais, de 55 a 76 anos. Metade tinha experiência em buscas na Web , ao contrário da outra metade. Os dois grupos tinham semelhante composição etária, educacional e de gênero.O monitoramento cerebral foi feito também quando as pessoas estavam lendo livros."Descobrimos que, na leitura, o córtex visual - -a parte do cérebro que controla a leitura e a linguagem -- era ativado. Na busca pela Internet, havia uma atividade muito maior, mas só no grupo familiarizado com a Internet."Esse grupo, segundo ele, parece capaz de entrar num nível muito mais profundo de atividade cerebral.A atrofia e a redução da atividade celular podem levar o cérebro do idoso a perder funções cognitivas, mas atividades que exijam atenção e raciocínio são bons antídotos. Small acha que aprender a fazer buscas nos sites pode ser uma dessas tarefas. "Provavelmente dá para ensinar truques novos de Internet a um velho cérebro", disse ele.